Alô todos.
Este é bem fácil. Expliquem e exemplifiquem o que é DÊIXIS e ANÁFORA. Quem chegar primeiro logicamente vai colocar as definições e os exemplos (esta é a parte mais fácil); quem chegar depois terá a tarefa de comentar, discutir, perguntar, analisar, criticar e colocar outros exemplos e/ou outras definições (esta é a parte mais difícil, para a qual não serão aceitas coisas do tipo "já disseram tudo" etc....:-)
Abraços
JM
domingo, 7 de outubro de 2007
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24 comentários:
Vamos lá! Encontrei as definições no dicionário de Filologia e Gramática, de Mattoso Câmara Jr.
Dêixis - Faculdade que a linguagem tem de designar mostrando, em vez de conceituar. A designição dêitica, ou mostrativa, figura assim ao lado da designação simbólica ou conceitual em qualquer sistema lingüístico. Podemos dizer que o signo lingüístico apresenta-se em dois tipos - o símbolo, em que o conjunto sônico representa ou simboliza, e o sinal, em que o conjunto sônico indica ou mostra. O pronome é justamente o vocábulo que se refere aos seres por dêixis em vez de o fazer por simbolização como os nomes. Essa dêixis se baseia no esquama lingüístico das três pessoas gramaticais que norteia o discurso: a que fala, a que ouve e todos os mais seres situados fora do eixo falante-ouvinte.
EXEMPLO
"A madame de vestido turquesa está desde as duas horas da tarde na loja de confecções, onde foi comprar um chapéu. São cinco horas e a balconista já buscou todos os chapéus disponíveis no estoque, cujas caixas arredondadas se espalham agora pelo balcão e pelas prateleiras. Nesse momento, a madame aponta para um dos primeiros chapéus que a balconista mostrou, o único verde de bolinhas roxas, e diz:
(1) Fico com este.
Seria pouco natural que ela se expressasse de outra maneira ao fechar a compra; todavia, se dissesse esta frase enorme e pouco natural
(2) Às cinco da tarde, a madame de vestido turquesa fica com o chapéu verde de bolinhas roxas.
estaria expressando a mesma escolha, e dando o mesmo desfecho à transação."
ILARI, Rodolfo & GERALDI, João Wanderley. Semântica. Editora Ática, 2000.
Anáfora - Qualquer referência a um termo já constante do contexto.
Há anáfora, em vez de dêixis, no uso dos pronomes, quando, em vez de indicação no espaço, há um referência ao contexto. Assim os demonstrativos, ao lado do emprego dêitico, têm outro, anafórico; ex.: "o sono ou a vigília, que me importa esta ou aquele?" (Herculano, Eurico, 48) - "Estas palavras tais falando orava: Subime rei..." (cf. Ali. s. d., 107).
Como figura de sintaxe, a anáfora é uma iteração, que consiste na repetição de termos no início de cada membro sucessivo de frase; é um recurso estilístico para dar mais realce ao pensamento; ex.: "quem, senão ela, há de expulsar do templo o renegado, o blasfemo, o profanador, o simoníaco? quem, senão ela, exterminar da ciência, o apedeuta, o plagiário, o charlatão? quem, senão ela, banir da sociedade o imoral, o corruptor, o libertino? quem, senão ela..." (Barbosa, Oração, 1949, 21-2)
Bem, a Aninha, como sempre, apertou o botão start.
Vou colaborar com uma outra boa definição para o termo dêixis, a qual segue:
Segundo a TLEBS (Terminologia Lingüística para o Ensino Básico e Secundário) , a deixis constitui um fenômeno de referenciação através do qual se usam palavras cujo sentido é sempre renovável, porque remetem para a situação de enunciação (procurando uma simplificação, o momento em que se fala). A deixis é, pois, uma propriedade lingüística que permite que em cada situação de comunicação existam marcas que identificam o sujeito que fala (sujeito da enunciação), aquele ou aquela a quem se fala (o interlocutor), o tempo e o espaço de enunciação, os objectos, entidades e processos constitutivos do contexto situacional e a referenciação dos signos utilizados no discurso.
Deste modo, o pronome "eu" é definido como aquele que diz "eu", "tu" como aquele a quem "eu" me dirijo, "agora" como o momento em que "eu" falo, "aqui" como o espaço em que "eu falo", "isto" como o obje(c)to que está ao pé de "mim", que falo, etc.
Com referenciação deíctica,
incluem-se as seguintes classes de palavras:
• Pronomes pessoais
• Pronomes e determinantes possessivos
• Pronomes e determinantes demonstrativos
• Artigos
• Advérbios de lugar e tempo
• Tempos verbais
• Algumas unidades lexicais (ir/vir, chegar)
É isso.
Em tempo: estou buscando alguma definição interessante para "anáfora".
Abs,
Neilton.
Alô.
Bem, estou vendo que a pesquisa está rolando...
Agora, eu tenho uma perguntinha: pelas definições, eu fico meio confuso entre a diferença entre um termo e outro. Pra mim os dois parecem muito sinônimos. Existiria alguma diferença marcante entre eles?
Essa é uma dúvida existencial. Alguém se habilita a responder? :-)))
Bem, diante dos textos que temos encontrado com as definições de dêixis e anáfora, tenho a mesma sensação, Zé. Parece que são sinônimos porque ambos falam da questão: FAZER REFERÊNCIA À ALGUMA COISA. Não sei se tem sentido, mas me parece que o conceito de dêixis está mais voltado à questão de "mostrar" alguma coisa durante um discurso, enquanto que o conceito de anáfora depende de todo um contexto para que se entenda a que se faz referência. Compliquei? Enfim, acho que devemos continuar as pesquisas. Encontrei dois sites legais e seria interessante a leitura desses trechos. Quem sabe ajudem um pouquinho.
DÊIXIS
Fernanda Irene Fonseca (1996). "Deixis e pragmática linguística", in Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, Org. de Isabel Hub Faria, Emília Ribeiro Pedro, Inês Duarte, Carlos A.M.Gouveia, Ed. Caminho, Lisboa,(pp.437-445).
http://www.dgidc.min-edu.pt/TLEBS/gramatica/deixisirene5.html
“Pelo seu sentido etimológico, o termo dêixis está relacionado com o gesto de apontar: um gesto, um fazer, que, pressupondo uma situação de comunicação face a face e uma intencionalidade significativa comum a dois sujeitos, se situa a meio caminho do dizer. Prefigurando o carácter corporal e individual do dizer (a voz, tal como o gesto, parte de um corpo e prolonga-o), o gesto de apontar patenteia a inseparabilidade entre fazer e dizer que, num sentido mais amplo, é posta em relevo pela Pragmática. Para além disso, sendo a forma de activação semântica de elementos presentes em contextos compartilhados pelos participantes num acto verbal, a deixis constitui o modo como está gramaticalizada a inseparabilidade entre a linguagem e o contexto.
Apesar de ter sido aplicada à descrição das línguas desde a Antiguidade (como termo metalinguístico, deixis foi usado, pela primeira vez, pelos gramáticos gregos), só muito mais tarde a noção de deixis passou a ocupar o lugar que hoje lhe é atribuído na teorização linguística.
Numa primeira acepção — próxima do seu sentido etimológico — deixis tem o sentido de indigitação, mostração; usado no âmbito da descrição gramatical, o termo refere uma mostração de carácter verbal, o "gesto verbal" de apontar, chamando a atenção, por exemplo, para um elemento do contexto evidente pela sua proximidade:
(1) "Quero este."
De um conceito mais restrito de deixis como mostração vai-se passando a um outro, mais amplo, de deixis como referenciação: "Para que a deixis funcione [...] é imprescindível que exista um termo ou ponto de referência [...]: esse termo ou baliza referencial é a pessoa do próprio sujeito que fala, no momento em que fala e em que, apontando ou chamando a atenção para si próprio, se designa como EU." (Carvalho, 1973: 664-665.)”
ANÁFORA
Elódia Constantino ROMAN
(Universidade Estadual de Ponta Grossa)
http://www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/cd/Port/142.pdf
Especificamente quanto ao conceito de anáfora, Koch (2000, p.33) entende que há
formas remissivas não-referenciais e referenciais. As primeiras, segundo a autora, servem
apenas como elementos de conexão. As remissivas referenciais fornecem instruções de
sentido. O exemplo dado é:
1.“O avô da criança atropelada encontrava-se em estado lastimável! O velho
chorava desesperado, sem saber que providências tomar.” (Koch, 2000, p. 34).
Neste exemplo, percebe-se a preocupação com dada instrução de sentido localizada
no interior do sintagma nominal. Parece que a maioria dos estudos sobre anáfora, por
exemplo, encaminham reflexão para o interior da posição classicamente assumida pelo
sintagma. Essa preocupação com uma explicitação mais detalhada pode causar uma certa
leitura equivocada por parte de alguns professores quando vão lidar com a interpretação de
textos.
A autora considera que os referentes dos quais falamos, não são meros rótulos para
designar as coisas do mundo. Esses se constroem e reconstroem no interior do próprio
discurso, conforme a percepção que temos do mundo. Assim, a referenciação constitui uma
atividade discursiva. O produtor do texto que tem à sua disposição o material lingüístico faz
escolhas expressivas a fim de representar estados de coisas, de uma maneira condizente
com a proposta de sentido. Para Koch (2006), o sujeito em interação com outros sujeitos
escolhe as formas de referenciação em função do querer-dizer. “Os objetos do discurso não
se confundem com a realidade extralingüística, eles a (re)constroem no próprio processo de
interação”. No exemplo:
2. A UEPG oferece cursos de línguas estrangeiras modernas. Esses cursos têm seis
meses de duração.
Observamos, no exemplo, que inicialmente são introduzidos dois referentes (a
UEPG, cursos de línguas estrangeiras modernas). Na continuidade do texto, o sintagma
“esses cursos” retoma cursos de línguas estrangeiras modernas. Dessa forma, “ cursos de
línguas estrangeiras modernas” é antecedente de “Esses cursos”, ou seja, aparecem duas
expressões referenciais que mencionam a mesma entidade, Temos, portanto expressões
correferenciais.
Pelo que entendi não são exatamente sinônimos.
Para mim, a diferença crucial estaria em sua forma de fazer a referência. Isso porque no caso da anáfora, temos o uso de pronomes, o que não acontece com a dêixis. Essa, por sua vez, supõe um certo subentendimento.
Bem, é o que consegui entender. Acrescentem, por favor!
Cheers!
Além do que já mencionei, acho que a anáfora é sempre uma referência cotextual, ou seja, que faz referência a algum elemento anterior dentro do texto. A dêixis pode ser uma referência a algo externo ao texto.
Ok, that's all for now!
(Esto es todo hasta ahora).
Encontrei um artigo bastante relevante para a nossa pesquisa. O título é "A resolução da anáfora no processamento da língua natural", de Vilson J. Leffa.
Segue abaixo a definição que o autor do texto faz para o termo "anáfora":
"A anáfora pode ser descrita como um processo que acarreta a volta no texto. O processo começa quando o anaforizante é conhecido (por exemplo, o pronome) e concluído quando o anaforizado é encontrado (a palavra a qual o pronome se refere)."
Para quem quiser conferir o txt na íntegra, dirigir-se à página: http://www.leffa.pro.br/anafor_rel.htm
Boa noite a tds!
Alô todos.
Boas pesquisas Ana e Neilton. Bons comentários também. Agora aguardo nossos demais amigos para darem seus palpites sobre minha pergunta a respeito da diferença entre os dois conceitos.
A todos: não é necessário mais pesquisas ou textos de outros autores. Vamos nos concentrar na pergunta feita, ok?
Aguardo os comentários para nova tarefa.
JM
Neilton, você realmente acha que os pronomes não são usados na designação dêitica? Mas e o exemplo que encontrei?
"Quero este."
Um pronome foi usado. E, você mesmo falou que há o uso de pronomes no seu comentário do dia 9 de outubro.
"Com referenciação deíctica,
incluem-se as seguintes classes de palavras:
• Pronomes pessoais
• Pronomes e determinantes possessivos
• Pronomes e determinantes demonstrativos
• Artigos
• Advérbios de lugar e tempo
• Tempos verbais
• Algumas unidades lexicais (ir/vir, chegar)"
Ola a todos!
Realmente esse assunto eh um pouco confuso. Para ser sincera, alguns textos soh contribuiram para aumentar minha confusao. Sendo assim, resolvi pesquisar em outra fonte, e eis que minha duvida soh fez crescer. Explico-me:
Pelo que pude acompanhar ateh agora, as pesquisas mostram que anafora aponta algo anteriormente citado no texto ("A anáfora pode ser descrita como um processo que acarreta a volta no texto. " vide postagem de Neilton do dia 10/10/07). E pelo que o proprio Neilton disse, anafora e deixis se diferenciariam pelo fato da primeira apontar para algo dentro do texo e a segunda apontar para algo fora do texto.
Como explicar, entao, que Bechara admita a possibilidade de uma deixis anaforica ("que aponta para um elemento ja anunciado ou concebido)? Ha, aqui, um entrelacamento das duas nocoes.
A minha pergunta eh: sera que ha mesmo diferenca entre as duas?
Ana, estou ficando confuso tbm. Até na definição q vc colocou aqui aparece esse lance do pronome.
Oh, Lord!
Bem, fui procurar o texto de Bechara que diz que pode haver uma dêixis anafórica e cheguei à seguinte conclusão: acho que a anáfora está dentro de dêixis, como se dêixis tivesse subdivisões, entendem? Se há dêixis anafórica, pode haver a catafórica também. Acho que é assim. Cheguei à essa conclusão ao ler que
"... os pronomes estão caracterizados porque indicam dêixis ("o apontar para"), isto é, estão habilitados, como verdadeiros gestos verbais, como indicadores, determinados ou indeterminados, ou de uma dêixis contextual a um elemento inserido no contexto, como é o caso, por exemplo, dos pronomes relativos, ou de uma dêixis ad oculos, que aponta ou indica um elemento presente ao falante. A dêixis será anafórica se aponta para um elemento já enunciado ou concebido, ou catafórica, se o elemento ainda não foi enunciado ou não está presente no discurso."
http://www.dgidc.min-edu.pt/TLEBS/gramatica/bechara5.html
Quem sabe uma das coisas que fazem com que se complique tanto isso é porque as duas tratam da mesma coisa: REFERÊNCIA. Pode ser que uma seja mais geral (dêixis - ela mesma introduz a referência) e a outra mais específica (anáfora - trata do que já foi mencioando antes).
Aninha, boa contribuição.
Concordo com vc que esses dois conceitos podem, em muitas circunstâncias, ser utilizados como sinônimos. Parece que cada autor aponta uma diferença pequena, um detalhe.
No fundo, a diferença parece ser meramente pragmática, ou seja, de uso. É o que pude perceber diante dos diferentes conceitos apresentados.
Go on, folks!
Achei um livro altamente pertinente a essa discussão, que fala sobre cada um desses dois conceitos, individualmente, e depois os compara. Muito bom.
Ele coloca como diferença crucial entre os dois fenômenos o seguinte: enquanto a anáfora retoma uma referência que já tem o seu lugar no universo de referência criado pela enunciação, tendo sido mencionado anteriormente (um clube, o clube), a dêixis introduz uma nova referência naquele universo. Dessa forma, a primeira (anáfora) serviria apenas de retomada, enquanto a outra (dêixis) serviria de input (de entrada de uma nova referência).
O título do livro é Sintaxe e Semântica do Português, de CAMPOS, M.H.C e M.F. XAVIER, e foi editado pela Universidade Aberta de Lisboa.
Quem quiser conferir um pouco mais do que esse volume contribui para essa discussão, dirija-se ao seguinte link: http://www.dgidc.min-edu.pt/TLEBS/gramatica/anafora5.html
Referência bibliográfica:
CAMPOS, M.H.C e M.F. XAVIER. (1991).Sintaxe e Semântica do Português. Lisboa: Universidade Aberta, (pp. 361-379).
Ola, queridos!
Neilton, nao consegui acessar o link que voce mandou!
Quanto ao seu ultimo comentario, nao estou certa de que deixis introduza sempre uma nova referencia. Tomemos o exemplo de Aninha (07/10/07):
"A madame de vestido turquesa está desde as duas horas da tarde na loja de confecções, onde foi comprar um chapéu. São cinco horas e a balconista já buscou todos os chapéus disponíveis no estoque, cujas caixas arredondadas se espalham agora pelo balcão e pelas prateleiras. Nesse momento, a madame aponta para um dos primeiros chapéus que a balconista mostrou, o único verde de bolinhas roxas, e diz:
(1) Fico com este."
O pronome este nao introduz um dado novo, mas refere-se a algo anteriormente mencionado no texto (chapeus).
Voltando a Bechara, concordo com Aninha. Para ele, eh como se a deixis englobasse a anafora (referencia a algo anterior) e a catafora (referencia a algo ainda nao mencionado ou algo que nao esta presente no discurso).
Em uma nota de rodape, Bechara cita K. Brugmann, que estabeleceu quatro tipos de deixis em relacao a posicao do falante. Eis o trecho abaixo:
"Desde K. Brugmann (1904), foram estabelecidos quatro tipos de deixis em relacao a posicao do falante: "este-deixis", "eu-deixis", "tu-deixis" e "aquele-deixis". K. Buhler acrescenta uma deixis especial: "deixis em fantasma", que se produz "quando um narrador transporta o ouvinte ao reino do ausente recordavel ou ao reino da fantasia construtiva e lhe poe a disposicao ali de todos os mesmos indicadores para que veja e ouca o que ha ali para ver e ouvir (e tocar, se o desejar), e, quem sabe, cheirar e degustar" [apud LCr.a, s.v.]. Para o linguista sao validas as consideracoes de Herculano de Carvalho: "Eh evidente que esta especie de mostracao [em fantasma] assume real interesse para o psicologo (que era Buhler) e para o estudioso da criacao poetica, mas nao para o linguista, para quem ela se identifica com a mostracao "ad oculos", embora (...) ela possa estar implicada na anaforica" [HCv.3, 662]."
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramatica Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003.
Confesso que essa categorizacao de Brugmann aumentou a minha confusao. Tentei encontrar algo mais explicativo na internet, mas nao encontrei. Sorry! :-(
Abracos a todos!
Ola a todos novamente!
Encontrei um site muito interessante, que ajudou a elucidar um pouco meu comentario anterior.
Ana Cristina Martins, em O Lugar da Deixis na Descricao da Lingua, conceitua deixis da seguinte forma:
" Sabemos, pois, que a raíz etimológica do vocábulo "deixis" remete para a noção de mostração, ostensão, indicação ou indigitação, sendo que da tradução do vocábulo grego para o latim resultou a generalização do termo " demonstrativo" na terminologia clássica. Porém, se é certo que,em termos restritos, o deíctico subsume um acto de mostração corporal num apontar verbal, a referida noção de função deíctica deverá albergar igualmente a vocação do deíctico para a referenciação de uma malha alargada de pessoas, objectos, factos, espaços, tempos, processos, actividades cuja significação só pode ser calculada a partir de uma indigitação primordial: a de um sujeito que ao designar-se por EU, aponta para si próprio num acto particular,discreto, único de produção discursiva."
Mais adiante em seu artigo, ela versa sobre os tres modos de indicacao espacial, a saber:
1) "Demonstratio ad oculos": Os objetos apontados estão presentes no contexto situacional no momento da ocorrência do ato discursivo.
2)Uso anafórico do deitico: Aponta-se agora para um segmento de texto, resultado da ação intersubjectiva, que reaparece , ao ser apontado, por convocação da memória a curto prazo dos falantes.
3)Deixis em fantasma: Aponta para objetos ausentes no momento da fala, criando uma realidade por meio do discurso.
Exemplo:
"Eu aqui, o fulano ali a gritar-me aos ouvidos. Ó rapazes, deu-me aquilo um nervoso que lhe parti logo a cara!"
Na frase acima, o locutor recria o cenario imaginario em que a cena se desenrolou, e trava um acordo com os interlocutores que o acompanham a "um mundo sem ancoragem na situação real: o mundo da recordação ou o mundo possível."
Tudo isso se encontra no site http://www.ipv.pt/forumedia/f2_idei7.htm
Ana Cristina ainda analisa um poema sob a perspectiva do uso de elementos deiticos. Bastante interessante!
Abraco a todos!
Alô.
Tô gostando de ver... pesquisas, questionamentos... só faltam a Raquel e o JC. Kd vcs????
Como eu disse antes, o que já está postado aqui é mais do que suficiente para entender a dêixis e a anáfora... Não precisa mais referências... Estou coçando pra resumir, mas acho que vou esperar mais um ou dois dias...:-)
Embora os termos sejam bastante semelhantes (e essa discussão possa ir loooooonge), a diferença básica é simples... digamos que um dos termos se refira a algo interno e o outro a algo externo... será que assim facilita? rs
O exemplo do chapéu ("Fico com este") com a mulher apontando, é exemplo de um dos dois conceitos. É diferente de um texto sobre Machado de Assis, onde bem à frente do texto encontramos algo assim: "Ele então escreveu Dom Casmurro..."; aqui estamos diante do outro conceito. Pensem nisso.
JM
Fala, Zeh!
Vamos ver se eu mato a charada...
No caso do chapeu, como ja vimos, o uso do pronome eh deitico, pois ao dizer "este" (apontando verbalmente), a mulher nao faz referencia a algo anteriormente mencionado no discurso, mas sim a algo existente no mundo real (algo externo).
Ja no caso do texto sobre Machado, o uso do pronome eh anaforico, pois retoma algo (neste caso, um nome) presente no proprio discurso.
Bem, eh isso!
Um abraco!
Bem, acho q esse "mistério" já tinha sido desvendado há tempos qnd eu disse em outro post "acho que a anáfora é sempre uma referência cotextual, ou seja, que faz referência a algum elemento anterior dentro do texto. A dêixis pode ser uma referência a algo externo ao texto." (10 de Outubro de 2007 16:36)
Até +!
Alô.
Agora não tem mais graça. O Neilton já tinha levantado a bola e a Carol chutou. Sem goleiro, tá lá no fundo do barbante (e olha que eu odeio futebol...:-)
Isso mesmo. A anáfora ocorre sempre dentro de um contexto, como uma referência interna, ao passo que a dêixis está mais para o lado do "apontar" mesmo, está mais ligada ao mundo real.
Agora, para quem está no fundão, só lendo, e para vocês dois, essa questão conceitual é meio complicada mesmo às vezes. Se a gente quiser filosofar, eu posso considerar o "apontar", o mundo real, como dentro de um "contexto"; até porque a pragmática vai depender deste "contexto" para explicar o significado "atualizado" das elocuções. Mas acho que a Carol citou alguém que fala da "dêixis anafórica"... um terceiro concento? Aqui entre nós, essa terminologia infinita das ciências me irrita um pouco...:-)
Enfim, é importante que conheçamos a terminologia para entender os textos técnicos (certo, senhores tradutores do grupo? :-) e na verdade o que se entendeu aqui por dêixis é diferente do que se descreveu como anáfora, mas convenhamos, as duas têm muito a ver.
No caso do chapéu, dos pronomes, ou seja, da dêixis, eu poderia argumentar que a situação na loja é um contexto igualzinho (embora em outro ambiente que não o escrito) ao do "ele" que se refere a um "João" num texto...
Alguém comenta? expande? exemplifica? ou terminamos por aqui? Estou coçando pra colocar novo desafio...:-)
JM
PS: parabéns a quem está aproveitando o feriadão para colocar as leituras e postagens em dia.
Bem, Zeh, nao tenho nada a acrescentar... A nao ser o fato de q compartilho da sua irritacao qto a terminologia infita...hehehehe
Ja estou aguardando o novo desafio!
Um abraco a todos!
Por mim, tbm pode postar o próximo desafio.
Abs,
Neilton
Ana Glaucia Ferreira Dias. Aluna do 4. periodo de Letras da UFPE. SEGUNDO RODOLFO HILARE, os fenômenos da Deixis e Anáfora são distintos. A anáfora "identifica objetos, pessoa, momentos,lugares e ações por alguma referência a outros objetos, ações etc". o exemplo que ele cita: Ha um homem no portão. Ele quer usar o telefone. O pronome e considerado como Anáfora. Mas ei ele seria uma Deixis anafórica. Pois se ele identifica, também aponta. Então parece ser que toda deixis pode ser anafórica, ou catafórica, e ainda endofórica ou exofórica (se estiver no texto a informação ou não). A questão eh. Onde fica o limite entre a deixis anafórica e o fenômeno da Anáfora em si.
Na exemplo de Machado de Assis em seu conto A vida eterna ele produz: "Era um sujeito alto e magro embuçado em um capote. Apenas abri a porta, o homem, entrou sem pedir licença". "O homem" aí eh uma Anáfora, mas não é Deixis porquê?. Se ao inves de homem tivésssemos "ele" seria uma deixis anafórica. Porquê?
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