Alô todos.
Vamos rever alguns conceitos para a gente situar melhor nosso estudo da semântica. Talvez para alguns estes conceitos sejam novidade, mas para outros será uma revisão.
Tarefa: pesquisar os conceitos abaixo e postar a definição com exemplos explicativos. Só que desta vez, eu gostaria que vocês pesquisassem em textos especializados de lingüística, não em dicionários; se for na Web, atenção para o site - precisa ser confiável em termos de informações. Não se esqueçam de colocar a fonte. Postem as respostas nos comentários deste novo post, não do anterior. Vamos dividir da seguinte forma:
José Carlos: índice
Ana: sinal
Caroline: ícone
Raquel: símbolo
Data limite: segunda, 20/08/07
Abraços,
Zé
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
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9 comentários:
Olá, amigos.
Entre algumas considerações que achei sobre o termo ÍNDICE, selecionei a seguinte, publicada no artigo A LINGÜÍSTICA DO SÉC. XX: BALANÇO CRÍTICO, de Gustavo Adolfo Pinheiro da Silva (UERJ e UGF), disponível em www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno03-03:
"...Outro aspecto tomado como fonte da Pragmática é a distinção feita por Peirce entre ícone, índice e símbolo. De acordo com ele, o índice é:
Um signo ou representação que se refere a seu objeto, não tanto em virtude de qualquer similaridade ou analogia com ele, nem por estar associado a caracteres que tal objeto eventualmente possui, mas porque se coloca em conexão dinâmica (inclusive espacial) com o objeto individual e, por outro lado, com os sentidos ou memória da pessoa para quem ele atua como um signo (Peirce, 1972:131)."
Embora o conceito soe complicado, um exemplo prático pode ajudar a compreendê-lo melhor: ao vermos uma imagem de um carro sem a maçaneta, com apenas um buraco no seu lugar, temos um índice de uma tentativa de assalto. Mas isso só se torna evidente porque temos experiências anteriores com assaltos, sejam elas pessoais, seja por reportagens que já vimos. É o que Peirce denominou de "conexão de contigüidade de fato entre dois elementos." Neste caso, o significante remete ao significado com base na nossa vivência anterior.(Exemplo condensado da Wikipedia).
Bem, agora é só esperar para comparar com as outras definições
Oi, gente.
A definicao de ICONE que se segue se encontra no artigo "Instrumentos de controle terminológico: limites e funções", de Maria de Fatima Moreira Talamo et al. (USP), disponivel em http://www.riterm.net/actes/2simposio/talamo.htm.
Segundo os autores, icones sao signos motivados, "cuja relacao de significacao nao tem uma dimensao cognitiva". O icone apresenta similaridade de fato com seu objeto. Uma maneira mais simples de definir o termo eh com a metafora do retrato, que remete ao objeto modelo, mas nao eh o objeto modelo.
Segundo a definicao encontrada na Wikipedia, disponivel em http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dcone_%28semi%C3%B3tica%29, o icone possui tres niveis:
Imagem (aparencia visual): caricatura
Diagrama (relacoes internas e estruturais): mapa
metafora (possui caracteristicas semelhantes em algum aspecto): o leão, uma fera indomável, associado ao Imposto de Renda.
Se ainda estiver confuso, ou se nao concordarem com a definicao, eh soh falar. =)
Bjos e ateh mais!
Obs: Desculpem a falta de acentos. Meu teclado esta desconfigurado.
Devo confessar que pesquisar sobre o termo SINAL foi um tanto quanto complicado devido ao fato de a palavra SIGNO estar presente em todos os artigos. Fiquei em dúvida se ambos teriam o mesmo sentido, pois ao ler um artigo de Antônio Fidalgo, percebi que, mesmo diferenciando sinal de signo no início de seu trabalho, ele resolve utilizar somente o termo signo: “O termo signo impôs-se na semiótica, pelo que daqui em diante
o passarei a utilizar em vez de sinal.”
http://www.bocc.ubi.pt/pag/fidalgo-antonio-manual-semiotica-2005.pdf
Antes de lançar a minha primeira pergunta, acho melhor dar a definição que encontrei tanto para SIGNO quanto para SINAL no site
www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/143/137
em um dos artigos de Carlos Xavier de Azevedo Netto.
“Para discutir o que se entende por signo, em primeiro lugar, deve-se atentar para a sua diferença do conceito de sinal, como duas entidades distintas, embora interligadas. Por sinal, entende-se qualquer forma gráfica, sonora, geológica, astronômica etc. de assinalação, sem que para tal incorra qualquer relação com uma possível construção de significado. O sinal é uma entidade destituída de mecanismos para a construção de significados.”
“Resumindo, pode-se dizer que a principal diferença entre o signo e o sinal está na sua potencialidade de significação. O sinal é aquele elemento do processo comunicativo que não apresenta possibilidade de significação, sempre em referência a um repertório e a uma audiência, aqui entendido conforme Coelho Netto (1989) os define no processo de comunicação a que está sendo dirigido. Quanto ao signo, é aquela entidade na qual está embutido determinado significado, mesmo que este seja percebido apenas como possibilidade, novamente com referência a determinado repertório e audiência. O que coloca em questão a interlocução, e o caráter cultural da entidade signo dentro de um processo de comunicação, no qual os repertórios dos signos devem ser partilhados pelos membros de uma mesma cultura, ou mesmo traduzidos de uma forma cultural para outra, criando assim um processo de inteligibilidade.”
Minha pergunta é: já que SINAL e SIGNO têm conceitos diferentes, embora interligados, como é que Antônio Fidaldo resolve utilizar somente SIGNO ao invés de SINAL?
Pergunta bem pertinente,Ana. Sem ter lido o resto do texto, aventuro-me a conjecturar: será que para o autor, em certos contextos, não faz mesmo diferença se o elemento carrega em si possibilidade de significação para uma dada audiência e daí tanto faz chamá-lo de signo ou sinal? De qualquer forma, soa meio estranho mesmo...
Alô todos.
Muito boa a discussão, com os comentários e observações de vocês. Embora ainda falte a definição da Raquel, vamos prosseguir...
1. A dificuldade a que vocês se referem em termos das definições se explica facilmente: tudo vai depender da visão de determinado autor sobre o assunto, ou até mesmo da escola à qual pertence. Além disso, ciências diferentes podem utilizar o mesmo termo com significados diferentes e aí a coisa fica mais complicada.
2. O questionamento da Ana passa pelo que eu disse acima e por isso, o autor que ela cita resolve resumir tudo com um nome só: signo. Isso acontece em outras áreas, por exemplo, a Morfologia; se pesquisarmos a definição de "morfema", encontraremos o mesmo problema, o que faz com que alguns autores ou utilizem somente o termo morfema, ou um que englobe morfemas e lexemas, qual seja "monema" e por aí vai.
3. A questão das definições é sempre muito importante, embora a nomenclatura seja irrelevante. Quero dizer que, uma vez que sabemos exatamente o que o termo significa (o conceito), o "nome" desse conceito pode ser qualquer um (é mais ou menos o que o José Carlos fala em seu comentário). No caso em pauta, se estivéssemos redigindo um trabalho, por exemplo, devido a essas incoerências terminológicas, logo no primeiro capítulo fariamos menção às várias definições e, se fosse o caso, escolheríamos o conjunto de termos, definindo-os claramente, que achássemos mais adequado.
4. Eu gosto muito do jeito que o Francisco da Silva Borba apresenta esses conceitos. Se analisarmos a coisa genericamente, signo é algo que representa algo, ou seja, toda representação é feita a partir de um signo. O problema surge quando se tenta diferenciar esse enorme conjunto de signos de acordo com algum critério e aí precisamos de termos diferentes. Borba resume isso muito simplesmente (como eu apresentei na Lingüística II):
SIGNO: é o termo geral; tudo que representa algo é um signo. Os signos podem ser naturais ou artificiais.
ÍNDICE: é um signo natural, ex., um relâmpago (indica possibilidade de chuva). Só que precisamos estender esta definição de "natural" para o caso que o José Carlos menciona, o do buraco na maçaneta do carro indicativo de um assalto. De qualquer maneira, na mesma citação fala-se na necessidade de referência a nossa vivência anterior.
SINAL: é um signo artificial, que normalmente quer agir sobre alguém, ex., os sinais de trânsito, os gestos de chamamento etc.
ÍCONE: também é um signo artificial que substitui algo ou alguém, ex., um retrato, um rascunho, um croquis, uma fotografia, um filme etc.
SÍMBOLO: outro signo artificial, mas neste caso representando algo mais abstrato, por associação: o coração como símbolo do amor, a coruja como símbolo do ensino... e aí eu discordaria do autor citado pela Caroline: para mim o leão do Imposto de Renda constitui um símbolo, não um ícone, pois não é substitutivo da realidade.
É nesse conceito de símbolo que entram os signos verbais ou lingüísticos: são signos artificiais (foram criados pelo homem), são substitutivos (substituem sons e conceitos), e não substituem a realidade.
Bom, tem coisa demais nesse comentário. Alguém se arrisca a dizer mais alguma coisa sobre o que eu coloquei acima?
[ ]s
Bem, pouco a acrescentar depois do que o Zé Manuel explicou. Acho que ficamos com a impressão já conhecida de todos de que, em ciências humanas (e particularmente em lingüística), quase nada é nunca definitivo, é tudo muito relativo, escorregadio mesmo, mas nem por isso menos fascinante. A confusão de nomenclatura se dá às vezes por outra razão: descobertas e teorias de áreas como antropologia, sociologia, lingüística etc. espalham-se meio que silenciosamente entre o senso comum, daí as pessoas ditas leigas passarem a usar termos como "símbolo" e "ícone" de maneira indiscriminada, o que por vezes acaba alterando seu sentido mais preciso, mais científico. De qualquer forma, não acho isso de todo ruim, pois demonstra como as coisas são dinâmicas no meio social.
Zé, é isso mesmo.
As diferenças entre os pesquisadores as vezes causam esses problemas. São enfoques diferentes, terminologias que se sobrepõem...
Acho que podemos passar adiante... essa discussão foi só pra situar alguns conceitos que talvez nos ajudem no futuro. Se alguém mais tiver alguma observação, dúvida, questionamento, complemento, pode postar aqui.
Vou enviar algo pela lista pra gente começar a discutir os textos.
Abraço.
Estou um pouco perdida, mas vou tentar me encontrar. Sei que o prazo já passou mas mesmo assim pesquisei no Wikipedia que informou o seguinte: O termo símbolo, com origem no grego súmbolon, designa um elemento representativo que está (realidade visível) em lugar de algo (realidade invisível) que tanto pode ser um objecto como um conceito ou ideia, determinada quantidade ou qualidade. O "símbolo" é um elemento essencial no processo de comunicação, encontrando-se difundido pelo quotidiano e pelas mais variadas vertentes do saber humano. Embora existam símbolos que são reconhecidos internacionalmente, outros só são compreendidos dentro de um determinado grupo ou contexto (religioso, cultural, etc.).
A representação específica para cada símbolo pode surgir como resultado de um processo natural ou pode ser convencionada de modo a que o receptor (uma pessoa ou grupo específico de pessoas) consiga fazer a interpretação do seu significado implícito e atribuir-lhe determinada conotação. Pode também estar mais ou menos relacionada fisicamente com o objecto ou ideia que representa, podendo não só ter uma representação gráfica ou tridimensional como também sonora ou mesmo gestual.
A semiótica é a disciplina que se ocupa do estudo dos símbolos, do seu processo e sistema em geral. Outras disciplinas especificam metodologias de estudo consoante a área, como a semântica, que se ocupa do simbolismo na linguagem, ou seja, das palavras, ou a psicanálise, que, entre outros, se debruça sobre a interpretação do simbolismo nos sonhos.
Na Semiótica todo sígno que a convencionalidade predomina possui uma relação símbolo. Exemplo disso é a paz mundial e a pomba da paz, a convenção fez da imagem semelhante a uma pomba branca, um símbolo de paz.
Abraços,
Raquel
Zeh, concordo com voce em relacao ao equivoco de considerar o Leao do Imposto de Renda um icone. Depois das definicoes que voce deu ficou um pouco mais claro.
Bjos e ateh!
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